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No Brasil, Macron pretende negociar investimentos bilaterais e deverá explicar posição sobre acordo Mercosul-UE

Presidente francês passará por 4 cidades em 3 dias a partir da semana que vem; comitiva terá cerca de 140 empresários

No Brasil, Macron pretende negociar investimentos bilaterais e deverá explicar posição sobre acordo Mercosul-UE
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Por Fernanda Rouvenat, GloboNews — Brasíia

 

 
 
 
 

O presidente francês Emmanuel Macron chegará ao Brasil na próxima semana para uma visita de três dias. Ele passará por quatro cidades: Belém (PA), Itaguaí (RJ), São Paulo (SP) e Brasília (DF).

De acordo com fontes da diplomacia francesa, a agenda no país abordará temas como investimentos bilaterais e discussões sobre questões climáticas e ambientais.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá acompanhar o presidente francês em agendas, além das reuniões bilaterais já esperadas, nas quais os chefes de Estado conversarão sobre assuntos que envolvem diretamente os dois países, como o acordo Mercosul - União Europeia (UE), a guerra entre Rússia e Ucrânia, a defesa da democracia, estratégias de combate à desinformação e responsabilização da plataformas digitais.

 

 

 

 

Macron explicará posição da França sobre acordo

 

As dificuldades de avanço do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, negociado há mais de 20 anos, e que foi travado por falta de consenso com países como a França, deverá ser uma das principais pautas no encontro entre os dois presidentes.

Interlocutores do governo francês ressaltam que Emmanuel Macron deverá explicar, pessoalmente, qual a posição da França, as razões e as motivações pelas quais não concorda com o texto atual. E afirma que “haverá explicações, mas nada de negociação”.

A proposta de acordo entre os dois blocos passou por uma série de revisões e exigências ao longo dos últimos anos. Mas as tratativas do acordo comercial sofrem pressão por parte de agricultores — principalmente na França — contrários à aliança, sob o argumento de haveria uma "concorrência desleal" com a entrada mercadorias de países como o Brasil.

Em janeiro deste ano, o presidente da França, Emmanuel Macron, pediu à Comissão Europeia que desista do tratado com o Mercosul. Em dezembro do ano passado, ele já tinha se posicionado contra o acordo, ao chamá-lo de "antiquado" e "mal remendado”.

 

Combate às fake news e guerras no mundo

 

O governo francês acredita que o Brasil, assim como a França, tem a capacidade de dialogar com outros países importantes no cenário internacional. Esse é um dos motivos pelo qual Macron também deverá conversar com Lula sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia, que já dura dois anos, e os ataques na Faixa de Gaza.

 

A preocupação com o avanço da extrema direita no mundo, a defesa da democracia, assim como o combate à desinformação e às fake news também serão temas discutidos nos encontros entre Lula e o presidente da França.

A diplomacia francesa entende que o Brasil pode ser um intermediário importante no diálogo “entre países do norte e do sul”. Um representante do governo francês ressalta que Emmanuel Macron poderá, por exemplo, dar explicações sobre como foram adotadas regulamentações pra responsabilizar plataformas digitais na Europa.

Diplomatas franceses acreditam que o Brasil pode chamar a atenção da Rússia para que Vladimr Putin pare a agressão contra o território ucraniano

 

Em dois anos, presidente francês fará três visitas ao Brasil

 

A visita de Macron ocorre oito anos após última vez em que um presidente da França esteve no Brasil, em 2016. Na ocasião, François Hollande veio ao país para participar da cerimônia de abertura da Olimpíada do Rio de Janeiro.

Desta vez, a viagem ao Brasil é estratégica e avaliada pelos diplomacia francesa como um momento político importante de retomada das relações entre os dois países. A estadia no Brasil, que terá duração de três dias, é considerada longa e simboliza a vontade de estreitar os laços com o país.

 

Para o governo francês, as relações políticas foram freadas durante muitos anos, mas existe um interesse do país em apoiar a parceria estratégica com Brasil que também ajudará a desenvolver uma melhor relação com a América Latina.

Essa será a primeira de três viagens de Emmanuel Macron ao Brasil em um período de dois anos. O mandatário também irá ao Rio de Janeiro em novembro deste ano para a cúpula de chefes de estado do G20, grupo das maiores economias do mundo que está sob presidência rotativa do Brasil; e em 2025 para a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém.

A agenda de Macron no Brasil foi negociada pelo ministro das Relações Exteriores francês, Stéphane Séjourné, durante o encontro de chanceleres do G20 no Rio de Janeiro.

O presidente da França chegará ao Brasil por Belém, cidade que sediará, em 2025, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP30. Há chances de Macron aproveitar a passagem por Belém para ir à Guiana —país que faz divisa com o estado do Pará.

Em junho de 2023, Lula foi recebido por Emmanuel Macron no Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa, em Paris. Na ocasião, os dois presidentes discutiram o acordo Mercosul-União Europeia, além de outros temas.

 

 

Interesse em investimentos

 

Além da comitiva presidencial, Macron virá acompanhado de um grupo de cerca de 140 empresários das mais diversas áreas.

O governo da França destaca que o Brasil é uma “terra de investimentos”, com forte parceria econômica e importantes intercâmbios comerciais.

Em Belém, na terça-feira (26), os dois presidentes terão agendas dedicadas a questão ambiental, discussão sobre aquecimento climático e proteção do meio ambiente. O governo francês destaca que a França que ser “um parceiro de referência” na preparação do Brasil para a COP30.

Já em Itaguaí, no Rio de Janeiro, o presidente francês participará da inauguração do terceiro submarino construído em parceria entre Brasil e França, que será lançada ao mar na quarta-feira (27).

O encontro entre empresários franceses e brasileiros deverá acontecer em São Paulo. Macron deseja passar a mensagem que investimentos brasileiros são bem-vindos em seu país.

A visita de Macron terá como último destino a capital federal. Em Brasília, ele deverá ser recebido no Palácio Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, e no Palácio do Planalto, sede da Presidência da Republica.

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