A Casa Branca confirmou nesta quinta-feira (15) que a Rússia conseguiu desenvolver tecnologia para uma arma antissatélite "preocupante".
Por g1
Gangue dos Oito. No alto, da esquerda para a direita: Jim Himes, Mitch McConnell, Mike Turner e Kevin McCarthy. Embaixo: Chuck Schumer, Hakeem Jeffries, Mark Warner e Marco Rubio — Foto: Reprodução/g1
A alta cúpula de Inteligência dos Estados Unidos se reuniu nesta quinta-feira (15) para discutir a informação de que a Rússia estaria desenvolvendo uma arma nuclear espacial, descrita como "séria ameaça à segurança nacional", pelo deputado republicano Mike Turner. Esse grupo seleto é definido em lei e conhecido como "Gangue dos Oito". (Leia mais sobre o caso abaixo)
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, confirmou nesta quinta-feira (15) que a Rússia conseguiu desenvolver tecnologia para uma arma antissatélite "preocupante", mas que a arma ainda não estaria operacional e ela não pode causar "destruição física" direta na Terra. Perguntado a respeito, ele não respondeu se a arma é espacial ou nuclear.
Após Turner pedir que o presidente Joe Biden quebrasse o sigilo da informação na quarta (14), o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, disse que já havia convocado uma reunião com a "Gangue dos Oito", para que os poderes Executivo e Legislativo do país pudessem tratar do assunto.
"Entrei em contato mais cedo nesta semana com o Gangue dos Oito para me oferecer para fazer um briefing pessoal a eles. E, de fato, agendamos um briefing para os quatro membros da Câmara do Gangue dos Oito amanhã (quinta-feira, 15). Isso já estava marcado", disse Sullivan em coletiva.
Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, avisou em coletiva nesta quarta-feira (14) que vai se reunir com legisladores da Inteligência norte-americana. — Foto: Kevin Lamarque/Reuters
A "Gangue dos Oito" é um grupo do Congresso dos EUA que reúne oito legisladores que têm acesso a informações confidenciais de Inteligência do governo.
O grupo é composto por oito pessoas, quatro deles do Partido Democrata (o mesmo do presidente Joe Biden) e quatro do Partido Republicano, de Donald Trump, pré-candidato à Presidência.
A divisão igual tem um sentido : é formada pelos líderes republicano e democrata dos Comitês de Inteligência de cada uma das casas do Congresso e os quatro líderes da Câmara dos Deputados e do Senado. Veja abaixo quem são.
Membros da "Gangue dos Oito":
- Mike Turner (republicano): presidente do Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados
- Jim Himes (democrata): vice-presidente do Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados
- Mark Warner (democrata): presidente do Comitê de Inteligência do Senado
- Marco Rubio (republicano): vice-presidente do Comitê de Inteligência do Senado
- Kevin McCarthy (republicano): presidente da Câmara dos Deputados
- Hakeem Jeffries (democrata): líder da minoria na Câmara dos Deputados
- Chuck Schumer (democrata): líder da maioria no Senado
- Mitch McConnell (republicano): líder da minoria no Senado
A "Gangue dos Oito" foi instituída em 1980 a partir da Lei de Supervisão da Inteligência, que determinou que a CIA mantenha totalmente informados de qualquer "atividade significativa" os comitês do Congresso responsáveis por supervisionar as atividades de inteligência. Em casos especiais, um grupo seleto é informado: a "Gangue dos Oito".
Deputado do Partido Republicano 'vazou' a história
Mike Turner, presidente do Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, disse nesta quarta-feira (14) que o país está sob "séria ameaça à segurança nacional".
Poucas horas depois, militares dos EUA disseram ao jornal "New York Times" que a Rússia está desenvolvendo uma arma nuclear espacial antissatélite. Fontes ouvidas pela Reuters também confirmaram que a ameaça estaria ligada a operações no espaço envolvendo a Rússia e alertaram seus aliados na Europa que isso poderia representar uma ameaça internacional.
Segundo as autoridades ouvidas pelo jornal norte-americano, a arma ainda estaria em fase de desenvolvimento, e a Rússia não a havia colocado em órbita. Por isso, apesar da informação revelar uma "séria ameaça à segurança nacional" dos EUA, as fontes disseram que não representava uma ameaça urgente para o país, seus aliados na Europa ou a Ucrânia.
Em comunicado, Turner afirmou que o Comitê de Inteligência disponibilizou a informação a todos os membros do Congresso norte-americano. O deputado também pediu que Joe Biden retirasse a confidencialidade das informações relacionadas à ameaça.
"Solicito que o Presidente Biden retire a confidencialidade de todas as informações relacionadas a esta ameaça para que o Congresso, a Administração e nossos aliados possam discutir abertamente as ações necessárias para responder a esta ameaça", disse Turner.
Deputado republicano Mike Turner, presidente do Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos. — Foto: Rod Lamkey/Pool via REUTERS
Nesta semana, a Rússia usou pela primeira vez o míssil hipersônico Zircon, que é capaz de viajar a uma velocidade nove vezes maior que a do som. Esse míssil faz parte de um grupo de seis artefatos da frota russa que o presidente do país, Vladimir Putin, chamou de "invencíveis". Veja mais detalhes sobre o Zircon.
Após o comunicado de Turner, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, disse que há uma reunião dos principais legisladores de Inteligência do país agendada para esta quinta-feira (15) para tratar do assunto.
"Estou um pouco surpreso que Turner tenha divulgado publicamente essa ameaça hoje, antes de uma reunião que já estava agendada, em que irei me sentar junto dele e de nossos profissionais de Inteligência e Defesa amanhã", afirmou o conselheiro.
Sullivan também não compartilhou mais detalhes sobre a ameaça.
Os senadores Mark Warner e Marco Rubio, presidente democrata e vice-presidente republicano do Comitê de Inteligência do Senado, emitiram uma declaração conjunta dizendo que não há motivo para pânico e que o comitê tem a inteligência em questão e está monitorando rigorosamente o assunto.
"Continuamos levando este assunto a sério e estamos discutindo uma resposta apropriada com a administração. Enquanto isso, devemos ser cautelosos ao potencialmente divulgar fontes e métodos que podem ser chave para preservar uma variedade de opções para ação dos EUA", afirmam na declaração.
Segundo uma fonte ouvida pela Reuters, os senadores Warner e Rubio foram informados sobre a ameaça há duas semanas. A fonte disse ainda que o problema tem alguma relação com um projeto de lei de gastos com segurança que tramita no Congresso norte-americano, mas que não há uma ligação direta entre eles.
A administração de Biden tem intensificado as críticas aos republicanos da Câmara dos Deputados pela possibilidade do bloqueio de um projeto de lei de US$ 95 bilhões aprovado pelo Senado que forneceria ajuda à Ucrânia, Israel e Taiwan. Os defensores do projeto argumentam que uma das principais razões para os Estados Unidos apoiarem o governo em Kiev é se defender contra ameaças da Rússia que se estendem além da Ucrânia.
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