Lula cobrou mais empenho de ministros.
Por Guilherme Mazui, Pedro Henrique Gomes, Kevin Lima, Luiz Felipe Barbiéri — Brasília
A dificuldade do governo na articulação política com o Congresso tem rendido críticas do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a Alexandre Padilha, chefe da Secretaria de Relações Institucionais. A pasta é responsável pela interlocução com os parlamentares.
Nesta segunda-feira (22), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou o coro. Apesar de poupar Padilha, o Lula cobrou do vice-presidente Geraldo Alckmin, ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mais capacidade de articulação junto ao Legislativo para aprovação de projetos de interesse do governo.
Além dos integrantes do Executivo, as negociações que norteiam as pautas do Palácio do Planalto no parlamento também são guiadas por deputados e senadores.
Veja abaixo lista de quem é quem na articulação política do governo no Congresso:
- Fernando Haddad, ministro da Fazenda
- Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais
- Rui Costa, ministro da Casa Civil
- José Guimarães, líder do governo na Câmara
- Jacques Wagner, líder do governo no Senado
- Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso
Fernando Haddad (PT), ministro da Fazenda. — Foto: Globonews/Reprodução
Fernando Haddad (Fazenda)
Considerado um dos auxiliares em que Lula mais confia, o atual ministro da Fazenda é o principal nome da equipe econômica. Filiado ao PT, Haddad foi ministro da Educação (2005 a 2012), prefeito de São Paulo (2013-2016) e disputou a eleição presidencial de 2018, quando foi derrotado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Haddad elabora propostas que são enviadas ao Congresso, dialoga com agentes do mercado financeiro e auxilia na articulação para votar projetos da área da econômica, a exemplo da reforma tributária, aprovada no ano passado. Na ocasião, ele discutiu a proposta com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O ministro pretende repetir o método no envio dos projetos que regulamentam a reforma.
Haddad foi um dos responsáveis por conceber a nova regra das contas públicas, porém enfrenta a desconfiança do mercado diante da dificuldade de equilibrar gastos e arrecadação. O ministro defende zerar o déficit das contas públicas, porém alas do governo desejam mais dinheiro para obras. Lula, que costuma pregar mais gastos, ouve Haddad em momentos delicados, como na decisão de pagar dividendos extras da Petrobras e de manter no cargo o presidente da estatal, Jean Paul Prates.
O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) durante entrevista nesta segunda-feira (8) — Foto: Reprodução/ TV Senado
Alexandre Padilha (Relações Institucionais)
O ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) é responsável por negociar com deputados e senadores a votação de projetos de interesse do governo no Congresso. Recentemente, voltou a ter de ser informado sobre a indicação de emendas parlamentares, um dos principais instrumentos de barganha política no sistema político brasileiro.
Filiado ao PT, Padilha é deputado federal reeleito por São Paulo. Ele comandou a SRI em parte da gestão anterior de Lula e reassumiu o posto com o retorno do petista à Presidência. Médico, Padilha também foi ministro da Saúde entre 2009 e 2014, com Lula e Dilma Rousseff.
Padilha é um dos cinco ministros com gabinete no Palácio do Planalto — o governo tem 38 ministérios — e tem conversas diárias com Lula. Trabalha junto com os líderes do governo na Câmara, no Senado e no Congresso.
O quarteto mapeia votações, distribuição de cargos e emendas para manter a base parlamentar num cenário no qual Lula depende da aliança com o Centrão — bloco informal que reúne parlamentares de legendas de centro e centro-direita —, em especial na Câmara. Muitas vezes, Padilha é criticado nos bastidores por parlamentares que dizem que ele não cumpre acordos.
O ministro é considerado um parlamentar afeito ao diálogo, porém perdeu o canal de conversa direta com Lira, que o chamou de 'desafeto pessoal' e 'incompetente'. Lula já declarou que pretende manter Padilha no cargo.
Rui Costa, ministro da Casa Civil do Governo Lula e coordenador do Novo PAC — Foto: Casa Civil do Brasil/Divulgação
Rui Costa (Casa Civil)
Ministro da Casa Civil de Lula, pasta responsável pela coordenação e integração das ações do governo, no acompanhamento das atividades dos ministérios e da formulação de projetos e políticas públicas, analisar a compatibilidade das propostas, inclusive das matérias em tramitação no Congresso Nacional, com as diretrizes governamentais, entre outras.
Rui Costa é petista e foi governador da Bahia entre 2015 e 2022. Antes, foi chefe da Casa Civil da Bahia e também da Secretaria de Relações Institucionais, que faz a coordenação política do governo estadual. Também foi deputado federal e vereador da cidade de Salvador.
Embora diga que não é articulador político do governo, o ministro diz ter boa relação com os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Segundo Costa, seu trabalho na articulação com o governo diz respeito a discutir o mérito dos projetos e que, para isso, tem interlocução quase diária com deputados e senadores, com os presidentes das duas casas, relatores de projetos e com os líderes de Câmara e Senado.
Líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE) — Foto: GloboNews
José Guimarães (líder do governo na Câmara)
Líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE) é responsável por costurar os acordos de interesse do Palácio do Planalto na Casa e por vocalizar em plenário as posições do governo.
O deputado é um dos principais quadros do PT e tem boa interlocução com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) que, apesar de não poupar críticas a ministros, já se referiu a Guimarães como um “herói bravo”.
O deputado é um dos homens de confiança do presidente Lula no Congresso e já coordenou duas de suas campanhas à presidência da República: em 1989 e 2002. Durante o governo Dilma também exerceu o cargo de líder do governo.
Guimarães é advogado e irmão do ex-presidente do PT José Genuíno. Ele é deputado desde 2007 e está em seu quinto mandato como parlamentar.
Em 2005, o chefe de gabinete do deputado foi preso no aeroporto de Congonhas com US$ 100 mil escondidos na cueca. Ele foi inocentado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 2012.
GNEWS Jacques Wagner — Foto: GloboNews
Jaques Wagner (PT-BA) é o líder do governo no Senado. É um dos auxiliares com mais trânsito junto ao presidente Lula. Petistas afirmam que o senador é considerado um amigo pessoal do presidente, o que, segundo os membros do partido, dá a ele maior liberdade junto a Lula.
Cabe ao senador negociar e discutir acordos para a aprovação de pautas de interesse do Planalto na Casa. Jaques também é responsável por indicar as orientações de Lula em votações de propostas.
Dentro do Senado, Jaques é bem avaliado entre membros do governo e até mesmo da oposição. Ele é um dos mais respeitados senadores da Casa e é visto como um bom articulador, com ótimo diálogo junto a senadores adversários de Lula.
Em novembro passado, ele contrariou a orientação do PT e votou a favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que restringe decisões individuais de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O movimento foi visto como um aceno ao presidente da Casa, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que era um dos fiadores do texto. Mas também serviu para estreitar a relação de Jaques junto a lideranças da oposição, em meio a votações da pauta econômica do Planalto.
O líder é um dos membros fundadores do PT. Foi o primeiro ministro do Trabalho e Emprego de Lula, ficando no cargo por pouco mais de um ano. Também foi ministro da Secretaria de Relações Institucionais de Lula, entre 2005 e 2006, e ministro da Defesa de Dilma Rousseff em 2015.
Comandou a Casa Civil de Dilma entre 2015 e 2016, e abriu mão do cargo para a nomeação do ex-presidente Lula. A indicação foi anulada pelo ministro do STF Gilmar Mendes – que apontou na movimentação uma tentativa de driblar a Lava Jato.
Em 2018, segundo relatos de membros do PT, Jaques foi um dos nomes sugeridos para substituir Lula – então inelegível – na chapa ao Planalto. Após declinar, atuou como coordenador político da campanha de Fernando Haddad. Em 2022, integrou a coordenação política da campanha de Lula.
Fora do governo federal, Jaques Wagner foi governador da Bahia por dois mandatos, de 2007 a 2015, e é senador pela Bahia desde 2018.
Líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). — Foto: Pedro França/Agência Senado
Randolfe Rodrigues (líder do governo no Congresso)
Senador pelo Amapá, Randolfe Rodrigues (sem partido) é líder do governo Lula no Congresso desde 2023. Ele é o articulador responsável por lidar, principalmente, com questões orçamentárias e as votações de vetos do presidente Lula.
Na função, Randolfe tem sofrido críticas de parlamentares da base aliada e da oposição. As reclamações giram em torno de quebras de acordo. No último ano, diante das insatisfações, parlamentares chegaram a sugerir a troca do senador por um deputado.
O senador se aproximou mais de Lula durante a disputa ao Planalto em 2022. Ele desistiu de se candidatar ao governo do Amapá para integrar o núcleo da campanha do petista.
À época, Randolfe era filiado à Rede Sustentabilidade e havia atuado para, a despeito de críticas de alas da sigla, inserir o partido na coligação da chapa Lula-Alckmin.
O senador já foi filiado ao PT, sigla pela qual foi eleito e exerceu o mandato de deputado estadual entre 1999 e 2005. Ele deixou a legenda em meio à crise do escândalo do mensalão. Também foi membro do PSOL, legenda pela qual foi eleito senador, pela primeira vez, em 2010.
No último ano, deixou a Rede, em razão de divergências com a atual ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva. Ele sinalizou que retornaria ao PT, o que não ocorreu até agora.
No Senado, Randolfe foi líder da oposição ao governo de Jair Bolsonaro (PL). Também foi, em 2021, vice-presidente da CPI da Covid na Casa. Segundo relatos, a atuação do político contra aliados de Bolsonaro foi um dos fatores que levou Lula a indicá-lo à liderança do governo no Congresso.
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