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Após reunião, chanceleres de Venezuela e Guiana se dizem esperançosos com retomada do diálogo entre os países

Reunião teve como pano de fundo a crise causada pela reivindicação da Venezuela sobre a região de Essequibo, hoje reconhecida como parte do território

Após reunião, chanceleres de Venezuela e Guiana se dizem esperançosos com retomada do diálogo entre os países
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Por Kellen BarretoPedro Henrique Gomes, g1 — Brasília

 

 
 
Essequibo, a região em disputa por Guiana e Venezuela — Foto: BBC

Essequibo, a região em disputa por Guiana e Venezuela — Foto: BBC

Os chanceleres da Venezuela, Yván Gil Pinto, e da Guiana, e Hugh Todd, afirmaram nesta quinta-feira (25) que os dois países continuam dispostos a retomar o diálogo (leia mais abaixo).

Eles participaram de reunião conjunta no Palácio Itamaraty, em Brasília. O encontro foi mediado pelo ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira.

A reunião teve como pano de fundo a crise causada pela reivindicação da Venezuela sobre a região de Essequibo, hoje reconhecida como parte do território guianês.

 

 

"A Guiana segue comprometida em resolver a controvérsia que a Venezuela tem com a decisão de 1899 do tribunal arbitral de um jeito muito pacífico", disse Hugh Todd.

 

O representante da Guiana se refere ao laudo assinado em Paris, em 1899, que desenhou as fronteiras atuais.

"Nós reiteramos o nosso apoio e compromisso com a Carta da ONU, que inclui o respeito à lei internacional e ao acordo de 1966 de Genebra, que está dentro da lei internacional", completou o chanceler guianês.

Em 1966, a Venezuela e o Reino Unido, que então controlava a Guiana, concordaram em buscar uma “solução satisfatória” para a disputa. Meses depois, a Guiana se tornou um país independente e uma decisão em comum acordo nunca aconteceu.

"A Venezuela e o governo do presidente Nicolas Maduro está plenamente comprometido em buscas alternativas que nos permitam chegar a uma solução mutuamente aceitável,", afirmou o chanceler venezuelano.

Yván Gil Pinto disse, ainda, ter se sentido "realmente satisfeito" com a conversa e "com muitas expectativas" de novas discussões. "Há muita matéria a discutir", pontuou.

Do lado brasileiro, o ministro Mauro Vieira afirmou que, na conversa desta quinta, a Venezuela e Guiana expressaram entendimento acerca do compromisso para com o diálogo e a paz. Além disso, que os dois países apresentaram suas propostas de agenda de trabalho para uma possível nova reunião entre as duas partes, que também poderá ser realizada no Brasil.

"Comprometeram-se, reconhecidas as diferenças de lado a lado, a seguir dialogando com base nos parâmetros estabelecidos pela declaração de Argyle. Agradeço a participação dos chanceleres da Venezuela e da Guiana nas conversas de hoje. Assim como a presença dos atores regionais, como São Vicente e Granadina, como representação da Celac, assim como a ONU, que observou e participou dos trabalhos", afirmou Mauro Vieira.

 

Disputa entre Venezuela e Guiana

 

A Venezuela afirma ser a verdadeira proprietária da região de Essequibo, um trecho de aproximadamente 160 quilômetros quadrados que corresponde a cerca de 70% de toda a Guiana e atravessa seis dos dez estados do país. A área é rica em recursos naturais.

A realização de um referendo, no ano passado, reascendeu a disputa, de décadas, e o temor de um conflito armado na fronteira com o Brasil.

 

Lula visitará a Guian

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se prepara para viajar à Guiana, para a cúpula da Comunidade dos Estados do Caribe (Caricom), que acontece no dia 28 de fevereiro.

Diplomatas veem na viagem para a cidade de Georgetown um recado do governo brasileiro para a Venezuela.

O bloco é composto por 20 países do Caribe, sendo 15 estados-membro e cinco associados. O Brasil participará como convidado do encontro, já que não integra o bloco.

Lula tem como uma de suas prioridades na agenda externa a integração dos países da América Latina, além do diálogo com países próximos, como os caribenhos.

Em dezembro de 2023, Lula mencionou intenção de participar do encontro, para falar sobre financiamentos e sobre democracia. Mas, segundo fontes do Palácio do Planalto, a ida do presidente à Guiana também é lida como um recado forte à Venezuela de Nicolás Maduro, que reivindica a região de Essequibo, no território guianense.

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