A Rádio Mais Ouvida em Quirinópolis

(64) 3651-1452

Notícias/Política

Antes uma das maiores bancadas, PSDB vê êxodo e corre risco de ficar sem nenhum nome no Senado

Partido chegou a ter 16 representantes e ocupou, por mais de 20 anos, a terceira posição no ranking de bancadas da Casa

Antes uma das maiores bancadas, PSDB vê êxodo e corre risco de ficar sem nenhum nome no Senado
IMPRIMIR
Use este espaço apenas para a comunicação de erros nesta postagem
Máximo 600 caracteres.
enviando

Por Kevin Lima, g1 — Brasília

 Plínio Valério (AM) será o único senador do PSDB com a saída de Izalci Lucas, marcada para a próxima terça-feira (26) — Foto: Beto Barata/Agência Senado

Plínio Valério (AM) será o único senador do PSDB com a saída de Izalci Lucas, marcada para a próxima terça-feira (26) — Foto: Beto Barata/Agência Senado

 

PSDB terá, a partir da próxima semana, somente um senador filiado ao partido. A sigla passará a dividir o título de menor bancada partidária do Senado com o Novo.

Líder da legenda na Casa, o senador Izalci Lucas (DF) vai oficializar a saída da sigla rumo ao PL na próxima terça-feira (26), confirmando um movimento de aproximação já esperado desde o último ano.

Restará somente Plínio Valério (AM), que preside o diretório estadual tucano no Amazonas e, constantemente, recebe convites para migrar a outros partidos.

A sigla, que chegou a ocupar consistentemente a terceira posição no ranking de partidos da Casa, tem assistido à redução de seu poder ao mesmo tempo em que amarga resultados colhidos nas eleições de 2022, a pior para o partido desde 1990.

 

Os tucanos abriram 2023 com quatro senadores, nenhum eleito em 2022. Até então, esta já era a menor bancada do partido desde 1994.

Nos meses seguintes ao pleito, o PSDB perdeu dois representantes: Alessandro Vieira (SE), que migrou pro MDB; e Mara Gabrilli (SP), que escolheu o PSD como nova casa.

O PSDB no Senado

ANO ELEITORAL SENADORES FILIADOS POSIÇÃO NO RANKING DAS BANCADAS
1990 11
1994 10
1998 16
2002 11
2006 14
2010 10
2014 10
2018 8
2022 4

 

Partido perdeu gabinete no Senado

 

As movimentações e a falta de senadores interessados em migrar para o PSDB levaram o partido a perder o direito à estrutura de liderança dentro do Senado, que prevê gabinete e cargos exclusivos.

Para usufruir dessas vantagens, o regimento interno estabelece que o partido deve ter, no mínimo, três senadores.

 

O maior sinal da tormenta do PSDB no Senado veio em setembro passado. Sem ter direito às mordomias de lideranças, o partido foi “despejado” do espaço que ocupava havia décadas no edifício principal da Casa. Quase duas dezenas de pessoas estavam lotadas no gabinete.

Bem localizado e próximo à Presidência e ao plenário da Casa, o espaço da liderança dos tucanos chegou a ser disputado por outros partidos.

De lá para cá, foram somente retiradas a placa e o adesivo na porta de vidro que indicavam a função do local, que ainda segue vazio.

 

 

 

Disputas internas levaram à desidratação

 

 

Parlamentares do partido no Congresso avaliam que a míngua no Senado é um reflexo da crise enfrentada pelo partido nos últimos anos, com um racha ideológico e a saída de nomes históricos, como o atual vice-presidente da RepúblicaGeraldo Alckmin.

Federado ao Cidadania, a sigla voltou seus esforços no pleito para o Congresso. Fracassou. Sem candidato ao Planalto pela primeira vez desde 1989, os tucanos tiveram o pior resultado de sua história nas eleições gerais.

Não conseguiram eleger senadores, conquistaram somente três governadores e perderam o comando do estado de São Paulo, que estava nas mãos do partido há quase três décadas.

Na Câmara, a legenda, que chegou a ter 99 deputados, alcançou a sua menor bancada na história: 13. Nas últimas semanas, porém, perdeu um: Carlos Sampaio (SP), que foi para o PSD.

De saída da legenda, Izalci Lucas disse que não quer fechar a interlocução com o partido. Ele afirmou que deixará a sigla em busca de maiores condições para disputar o governo do Distrito Federal em 2026.

“O PSDB perdeu, perdeu muito [com a redução da bancada ao longo dos anos]”, disse Izalci ao g1.

 

No ano passado, após a saída de Alessandro Vieira, o atual líder do partido chegou a tentar encorpar a bancada da sigla no Senado com a filiação de Marcos do Val (ES). À época, a entrada de Do Val permitiria a continuidade da estrutura de liderança conquistada pelo PSDB.

A troca, que já estava acertada e havia sido celebrada por Marcos do Val, foi indeferida pelo comando nacional do partido, que divulgou uma nota oficial dizendo ter sido “surpreendida”. No fim, Do Val decidiu se manter filiado ao Podemos.

Na avaliação de Izalci Lucas, depois das disputas em 2022, o partido tem se preparado para uma reconstrução. O parlamentar disse acreditar que, sob o comando de Marconi Perillo, o partido poderá encontrar novas lideranças no Congresso e ampliar os eleitos em 2026.

 

 

 

 

Remanescente tem recebido convites

 

Último tucano no Senado, Plínio Valério afirmou ao g1 que continuará filiado ao PSDB. Ele é o responsável pelo diretório estadual do partido no Amazonas.

Segundo o senador, diversos partidos já apresentaram convites para que ele deixe o tucanato. Membros do PSDB avaliam que ele pode deixar o partido, mas que uma eventual decisão só deverá ser tomada depois das eleições municipais deste ano.

“Não pretendo pensar nisso tão cedo”, afirmou Valério.

Em março do ano passado, durante um discurso no plenário, o senador disse que o partido precisava se “reinventar”.

Na ocasião, ele atribuiu a redução do partido no Congresso a um “pecado mortal”, que, na avaliação do senador, foi cometido quando a sigla abriu mão de um candidato próprio na disputa ao Planalto.

Em 2022, pela primeira vez em sua história, o PSDB não lançou um candidato à Presidência. Escolheu se unir à candidatura de Simone Tebet (MDB-MS) com a indicação de Mara Gabrilli para a candidatura a vice.

 

“Nós estamos baqueados, sofremos muito com a eleição passada, mas estamos de pé, procurando nos reinventar e buscar uma alternativa”, declarou Plínio Valério.

 

O secretário-geral do PSDB, deputado Paulo Abi-Ackel (MG), avaliou que as mudanças da sigla são “normais” e diz que o partido trabalha para filiar senadores. Segundo ele, não há, no entanto, nomes “imediatos”.

 

“Isso demanda um tempo. A gente não tem imediatamente um substituto. O que a gente pode dizer é que, seguramente, em um curtíssimo espaço de tempo teremos uma bancada maior no Senado”, declarou ao g1.

Para o deputado, a desidratação da bancada do PSDB ocorreu como um reflexo das seguidas mudanças de rumos e comandos na legenda.

 

“[O Senado] é a Casa mais importante do Congresso Nacional. O que aconteceu foi que o partido sofreu um pouco com a troca de coordenação do Doria para o governador Eduardo Leite e, agora, com Marconi Perillo.”

 

Paulo Abi-Ackel também acredita que o partido tem conseguido reconquistar espaços em colégios eleitorais importantes, como Minas Gerais.

Ele disse que a legenda voltará a apostar nas eleições gerais de 2026, com um candidato próprio ao Planalto. O PSDB também discute uma nova federação partidária com PDT e Podemos.

Comentários:

Veja também

Fique a vontade para nos enviar sua mensagem!